Descrição
Memória oral, memória escrita… A criação da escrita foi tão decisiva para a história do homem que acabou dividindo a sua trajetória entre a pré-história e a história propriamente dita. A partir do registro gravado na pedra, no papiro, no pergaminho e no papel, a história não ficou mais dependente das lembranças mantidas na memória dos homens. Sempre houve, é certo, registro preservado nas histórias contadas ao pé da fogueira e transmitidas de uma geração à outra, mas sujeitas a múltiplas alterações: “quem conta um conto, aumenta um ponto”, como diz o ditado popular.
Foi necessário esperar cinco mil anos e chegar ao século XX para que alguém conseguisse inventar formas para gravar e preservar a memória da língua oral. Ainda que às vezes alguns autores fizessem menção de como se pronunciava alguma palavra, não havia ainda meios de transcrição refletindo a pronúncia real da língua.
Este livro foi organizado com materiais provenientes de amostras reais de fala do português da região sul do Brasil, com a finalidade não só de registrar a produção acadêmica dos autores, mas também de evidenciar os modos de expressão e condições de produção dos falantes de uma região do país que, além dos autóctones, dos colonizadores portugueses e dos africanos, recebeu outros povos. E é essa memória que quisemos honra…
O que se vai ler neste livro são textos produzidos a partir de amostras coletadas na região sul do Brasil (estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), seja apresentados na V Jornada do Varsul (Variação Linguística Urbana no Sul do Brasil), realizada em Curitiba, de 6 a 8 de abril de 2017, seja em outros eventos. São 8 capítulos que refletem sobre a construção e desenvolvimento da língua portuguesa na região sul e as influências no nosso idioma de povos que emigraram para o Brasil.